quinta-feira, novembro 16, 2006
Carência das coisas
A carência de todas as coisas me fez agora pensar que Drummond nunca foi tão moderno.
O mundo pede beleza
a natureza, socorro,
os carros pedem cautela,
os escritórios, mais flores,
a vida pede poesia,
os livros pedem leitores,
o tempo pede mais tempo,
o café mais açúcar
como o sexo mais amores.
le
sábado, novembro 11, 2006
Aposto
Viver é estar preso entre vírgulas para explicar-se ao mundo.
le
terça-feira, novembro 07, 2006
Boi do Morro do Querosene
“O meu boi já morreu
Ficou triste meu terreiro
Mas no ano que vem
Eu canto boi o ano inteiro”
(Toada que encerrou a terceira parte da festa do boi-bumbá no Morro do Querosene)
A festa do boi-bumbá ocorre três vezes ao ano no Morro do Querosne, na zona Oeste de São Paulo. Festaja-se o renascimento, a vida e a morte do boi. A celebração é resultado da dedicação dos imigrantes maranhenses, que aqui se estabeleceram, para manter suas tradições e manisfetações culturais. Estive lá pela primeira vez no Domingo passado e saí com a certeza de retornar em breve, no renascimento do boi.
(Bumba-meu-boi no Maranhão - João Augusto - jares.fotoblog.uol.com.br)
O texto que segue é uma homenagem e uma tentativa de expressar em palavras as impressões que meus sentidos colheram durante esta incrível celebração.
O boi do Maranhão, o boi do Norte, o boi cíclico
O boi que nasce para dar a vida
Aos tambores, aos pandeiros, às toadas, ao maracatu
O boi que nasce para criar os movimentos
A dança, a roda, o bailado dos corpos fantasiados
Dos cablocos, das índias, das entidades em transe
O boi que vive na harmonia da disputa
Entre a força e a inteligência
Entre o homem e o animal
O boi que morre no sacrifício, na estocada
Na sangria do ritual respeitoso
O boi que morre para reviver
Os cantos e as danças da natureza
Porque na natureza tudo que se desfaz
Dá início a um novo começo
O boi da esperança!
ri