- O que você quer? Já te disse que não quero que você apareça mais por aqui.
E a porta bateu, ou melhor, ela bateu a porta com a intenção de que o deslocamento de ar provocado o impelisse para o lugar de onde ele veio.
Ele só estava, mais uma vez, tentando dialogar, sentia-se injustiçado por amar tanto.
Três anos antes ele a havia conhecido em uma festa de um amigo comum. Beberam e conversaram muito. A partir daí, com o vínculo criado e a imensa vontade de ter com quem transar quando bem entendesse, e sem ter que pagar por isso, ele partiu em busca de seu objetivo de macho dominante: subjugar a fêmea de largas ancas.
Muitos foram os recursos empregados, desde flores até declarações ridículas, passando por chocolates, roupas, promessas e convites. Chegou mesmo a brigar com outros machos para disputar o mérito de acasalar com aquela fêmea.
Depois de tantas tentativas de ser reconhecido, enfim ele conseguiu subjugar a fêmea. Numa noite lancinante, ele ocupou de um vez por todas seu cargo privilegiado, usando a fêmea em posições humilhantes para que seu prazer fosse satisfeito.
Daí em diante, passaram a ter um relacionamento compromissado.
E o sujeito atuante na ação do subjugo foi, aos poucos, transformando-se em objeto.
- Temos que ter uma conversa. - disse ela. - O que acontece é que eu gosto de um outro rapaz, com o qual já me relaciono há quatro meses. Por isso quero que você se sinta à vontade para sair com outras pessoas e me esquecer.
- Mas...
- Só isso que tenho a te dizer. Infelizmente não te amo mais e espero que você deixe de me amar o mais rápido possível.
E retirou-se.
Descontrolado e desnorteado, tentou buscar o erro. E não o encontrou. Várias foram as tentativas de falar com ela à procura de uma explicação menos contundente, mas só encontrou contundências saindo daqueles lábios que em algum momento passado envolveram-lhe o corpo.
Dentro do carro, estacionado em frente ao prédio, hesitou por algum tempo se deveria subir. Talvez ela estivesse com seu novo amor, em posições mais confortáveis do que aquelas que ele se recordava. Decidiu subir.
Chegou ao apartamento dela.
Lá, ele encontrou uma porta fechada, que o impeliu para o lugar de onde ele veio: caiu ao lado de seu próprio carro ao vir do oitavo andar pelo caminho mais curto.
le
E a porta bateu, ou melhor, ela bateu a porta com a intenção de que o deslocamento de ar provocado o impelisse para o lugar de onde ele veio.
Ele só estava, mais uma vez, tentando dialogar, sentia-se injustiçado por amar tanto.
Três anos antes ele a havia conhecido em uma festa de um amigo comum. Beberam e conversaram muito. A partir daí, com o vínculo criado e a imensa vontade de ter com quem transar quando bem entendesse, e sem ter que pagar por isso, ele partiu em busca de seu objetivo de macho dominante: subjugar a fêmea de largas ancas.
Muitos foram os recursos empregados, desde flores até declarações ridículas, passando por chocolates, roupas, promessas e convites. Chegou mesmo a brigar com outros machos para disputar o mérito de acasalar com aquela fêmea.
Depois de tantas tentativas de ser reconhecido, enfim ele conseguiu subjugar a fêmea. Numa noite lancinante, ele ocupou de um vez por todas seu cargo privilegiado, usando a fêmea em posições humilhantes para que seu prazer fosse satisfeito.
Daí em diante, passaram a ter um relacionamento compromissado.
E o sujeito atuante na ação do subjugo foi, aos poucos, transformando-se em objeto.
- Temos que ter uma conversa. - disse ela. - O que acontece é que eu gosto de um outro rapaz, com o qual já me relaciono há quatro meses. Por isso quero que você se sinta à vontade para sair com outras pessoas e me esquecer.
- Mas...
- Só isso que tenho a te dizer. Infelizmente não te amo mais e espero que você deixe de me amar o mais rápido possível.
E retirou-se.
Descontrolado e desnorteado, tentou buscar o erro. E não o encontrou. Várias foram as tentativas de falar com ela à procura de uma explicação menos contundente, mas só encontrou contundências saindo daqueles lábios que em algum momento passado envolveram-lhe o corpo.
Dentro do carro, estacionado em frente ao prédio, hesitou por algum tempo se deveria subir. Talvez ela estivesse com seu novo amor, em posições mais confortáveis do que aquelas que ele se recordava. Decidiu subir.
Chegou ao apartamento dela.
Lá, ele encontrou uma porta fechada, que o impeliu para o lugar de onde ele veio: caiu ao lado de seu próprio carro ao vir do oitavo andar pelo caminho mais curto.
le
5 comentários:
essa incompreensão da ontologia das ações do suicída talvez seja nosso (grande) mal-estar...
muito bom o texto, meu caro!
abração!
Ah, eu tinha certeza de que vc estava lendo Nelson Rodrigues! Até comentei com a Ariane quando li este texto. Agora tive a confirmação.
Não por ser obviamente igual, mas pela tragédia contada friamente.
Adorei!
Valeu le,
abraços.
Por incrível que pareça não estou lendo Nelson Rodrigues - aliás, a última peça dele que li foi para prestar o vestibular da Unicamp. No entanto, tenho retomado a rodada Almodóvar.
abraços
Então deixa eu comentar no próximo texto!
MARAVILHOSO!!!!
É A PROVA DE QUE, QUANDOS E TRATA DE AMOR, PODEMOS CAIR NA PRÓPRIA CILADA.
beijos
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